Greve na MEO amanhã <br>por emprego, direitos e futuro

URGÊNCIA No Grupo PT a luta cres­cente pelo em­prego com di­reitos visa também im­pedir que a acção da mul­ti­na­ci­onal Al­tice des­trua uma em­presa com im­por­tância es­tra­té­gica para o País.

Vai haver con­cen­tração nas Pi­coas e des­file até São Bento

Na mo­bi­li­zação para a greve de 24 horas, amanhã, estão en­vol­vidas pra­ti­ca­mente todas as es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores das em­presas do Grupo PT. A luta abrange a MEO e a Win­provit (para onde já foram pas­sadas de­zenas de tra­ba­lha­dores da área de in­for­má­tica), onde neste mo­mento é mais viva a ameaça de des­pe­di­mentos, que a Al­tice pro­cura ca­mu­flar sob a fi­gura legal de «trans­missão de es­ta­be­le­ci­mento». «Mas, se a si­tu­ação não for tra­vada en­quanto é tempo, no fu­turo será ana­li­sado um âm­bito muito mais alar­gado», alerta-se no co­mu­ni­cado con­junto que a Co­missão de Tra­ba­lha­dores da MEO e oito or­ga­ni­za­ções sin­di­cais (entre as quais, o Sinttav e o SNTCT, sin­di­catos da Fec­trans/​CGTP-IN) emi­tiram no dia 14.
As es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas dos tra­ba­lha­dores con­vo­caram igual­mente para amanhã, dia 21, a partir das 13 horas, uma con­cen­tração na­ci­onal em Lisboa, frente à sede do grupo, nas Pi­coas, de onde par­tirá uma ma­ni­fes­tação até à re­si­dência ofi­cial do pri­meiro-mi­nistro.
O plano de pre­pa­ração da jor­nada de 21 de Julho in­cluiu a re­a­li­zação de ple­ná­rios e con­cen­tra­ções, desde dia 7. Para ontem, a meio da manhã, es­tava mar­cada uma con­cen­tração de tra­ba­lha­dores no Porto, junto ao edi­fício da PT na Rua Te­nente Va­ladim. Outra con­cen­tração foi con­vo­cada para ontem, às 12h30, em Lisboa (Pi­coas).
«A ex­pec­ta­tiva da adesão é muito grande», re­feria uma nota do Sinttav sobre a mo­bi­li­zação na área do Grande Porto e Gaia, anun­ci­ando para as oito horas de amanhã, junto à CM Porto, a saída de au­to­carros com tra­ba­lha­dores para a ma­ni­fes­tação em Lisboa.
No dia 12, quarta-feira, cen­tenas de tra­ba­lha­dores reu­niram-se em ple­nário nas Pi­coas e con­cen­traram-se no ex­te­rior do edi­fício da PT, em apoio à jor­nada de amanhã. Bruno Dias, di­ri­gente e de­pu­tado do PCP, numa breve sau­dação, re­alçou a im­por­tância de­ci­siva da luta para der­rotar os planos da mul­ti­na­ci­onal.
Na sexta-feira, dia 14, uma acção se­me­lhante teve lugar em Coimbra. Os tra­ba­lha­dores co­me­çaram por reunir-se em ple­nário, a meio da manhã, des­lo­cando-se de­pois para o ex­te­rior do edi­fício da PT, na Rua Ge­neral Hum­berto Del­gado. Uma de­le­gação do PCP, que in­te­grou Vla­di­miro Vale, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, e Fran­cisco Queirós, membro do CC e ve­re­ador na CMC, es­teve no local a prestar so­li­da­ri­e­dade.
Aqui, o co­or­de­nador da Co­missão de Tra­ba­lha­dores da MEO ex­plicou aos jor­na­listas que a «uti­li­zação abu­siva e frau­du­lenta do con­ceito de trans­missão de es­ta­be­le­ci­mento» leva a que o pes­soal atin­gido vá «para fora do uni­verso PT, sem os di­reitos, sem os planos de saúde e sem todo o mo­delo so­cial que nós aju­dámos a cons­truir» Ci­tado pela agência Lusa, Fran­cisco Gon­çalves re­alçou que a luta é para de­fender estes tra­ba­lha­dores, mas também aqueles que «estão sem fun­ções» ou estão «en­cos­tados, su­ba­pro­vei­tados» e «a ser em­pur­rados para ou­tras em­presas».
Sobre as pa­la­vras do pri­meiro-mi­nistro na AR, dia 12, o di­ri­gente da CT ob­servou que o Go­verno «tem de dizer o que está dis­posto a fazer» para dar se­gui­mento a tais de­cla­ra­ções.
Em Faro, um ple­nário no edi­fício da PT e uma con­cen­tração no Largo do Carmo ti­veram lugar esta se­gunda-feira, dia 17, com quase uma cen­tena de tra­ba­lha­dores. Também aqui es­ti­veram pre­sentes di­ri­gentes do PCP, re­a­fir­mando o apoio à luta.

Sempre mais lu­cros 

A gi­gan­tesca ope­ração de chan­tagem e as­sédio sobre os tra­ba­lha­dores da Por­tugal Te­lecom, in­ten­si­fi­cada nos úl­timos meses, tem por ob­jec­tivo ma­xi­mizar os lu­cros da Al­tice, que em dois anos ar­re­cadou 2057 mi­lhões de euros (antes de im­postos), con­si­de­rados in­su­fi­ci­entes, como sempre su­cede por parte do ca­pital – acusa a cé­lula do PCP na PT, num co­mu­ni­cado de dia 14.
O Par­tido re­fere que a mul­ti­na­ci­onal quer li­bertar a PT de en­cargos as­su­midos e que já exis­tiam quando a com­prou, sendo apon­tado como ob­jec­tivo deixar de contar com três mil tra­ba­lha­dores no ac­tivo e ou­tros tantos pré-re­for­mados.
Ac­tu­al­mente, mais de 200 tra­ba­lha­dores estão ame­a­çados de trans­fe­rência com­pul­siva, en­quanto ou­tros 461 foram avi­sados de que irão para um pro­cesso si­milar, caso não aceitem pro­postas de res­cisão «ami­gável».
Re­cor­dando que sempre com­bateu a en­trega dos sec­tores es­tra­té­gicos a grupos mo­no­po­listas e de­fende que esses sec­tores devem voltar ao con­trolo pú­blico, o PCP su­blinha que agora está co­lo­cada outra ur­gência: ou o Es­tado in­tervém ra­pi­da­mente, ou a PT pode so­frer danos ir­re­ver­sí­veis que o País pa­gará por largos anos.
 

Nem PT nem MEO...

A marca MEO surgiu em 2007, como um ser­viço da PT Co­mu­ni­ca­ções (fixas), para o mer­cado re­si­den­cial. Em 2014 subs­ti­tuiu a TMN (co­mu­ni­ca­ções mó­veis). Um ano de­pois a em­presa Meo – Ser­viços de Co­mu­ni­ca­ções e Mul­ti­média, SA emergiu da fusão da MEO com a PT Co­mu­ni­ca­ções.
Também em 2015, após o es­cân­dalo de­sen­ca­deado com a ope­ração no Brasil e a fusão com a Oi, o Grupo PT (Por­tugal Te­lecom, SGPS, SA, criado em 1994) foi di­vi­dido em PT Por­tugal SGPS, SA (pro­pri­e­tária da MEO, da PT Em­presas e da Sapo, entre ou­tras) e PT SGPS (hol­ding que ficou com a par­ti­ci­pação de 25,6% na Oi e também com cerca de 900 mi­lhões de euros de «in­ves­ti­mento de risco»), de­sig­nação que foi al­te­rada para Pharol.
A PT Por­tugal SGPS SA foi ven­dida à Al­tice, num pro­cesso con­cluído a 2 de Junho de 2015. Esta mul­ti­na­ci­onal anun­ciou há dois meses que vai ex­tin­guir em 2018 as marcas PT e MEO, subs­ti­tuindo-as pela in­sígnia global Al­tice.

 



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